© JEFF SWENSEN Protesto antitrump em Pittsburg, Pennsilvania. |
Donald Trump prepara seu novo
ataque à imigração. Depois do baque judicial com o veto a sete países
muçulmanos, o presidente dos Estados Unidos ordenou a elaboração de um vasto
plano de ação contra os imigrantes em situação irregular. Acelerar e ampliar as
expulsões imediatas, repatriar automaticamente os mexicanos flagrados na
fronteira, recrutar milhares de novos agentes e até processar judicialmente os
pais que trouxerem seus filhos fazem parte, segundo as minutas conhecidas,
desse agressivo projeto. Com esse passo, Trump joga mais uma pá sobre o legado
do Obama e poderá cumprir uma de suas mais desejadas e sombrias promessas: a
expulsão maciça de imigrantes.
Os Estados Unidos, um país que
cresceu com a imigração, estão prontos para bater a porta na cara do elo mais
fraco. Se a política de Obama se concentrou na perseguição e expulsão dos
imigrantes que tivessem cometido crimes graves, agora se prepara a abertura da
temporada de caça a todos os que estiverem em situação irregular. Onze milhões
de pessoas, metade delas vinda do México, podem começar a tremer.
A magnitude do golpe será
conhecida em poucos dias. O presidente anunciou que divulgará sua nova ordem
nesta semana. Nesse ínterim, Washington está em polvorosa. As minutas circulam
por toda parte. Algumas foram desmentidas categoricamente, mas outras, como as
publicadas no McClatchy e no The Washington Post, foram reconhecidas como
documentos de trabalho. Nestas últimas, ainda que estejam sujeitas a mudanças,
aparece o verdadeiro rosto do Governo Trump.
Essas redações preliminares indicam
que a ofensiva será maciça. Para reforçar as agências dedicadas ao controle da
imigração, o texto determina a contratação de 15.000 novos agentes, aumenta as
competências policiais e recomenda uma maior colaboração com as forças locais.
Para a operatividade desse
exército, o departamento de Segurança Nacional, nas mãos do general aposentado
do Corpo de Fuzileiros Navais John F. Kelly, pretende aliviar as barreiras
legais, em especial no capítulo mais executivo: as deportações imediatas. Até
agora essa modalidade de expulsão se aplicava aos imigrantes que tivessem
passado menos de duas semanas no país e estivessem a não mais de 160
quilômetros da fronteira. Mas as minutas indicam que se pretende anular os
limites geográficos e estender sua aplicação a todos aqueles que estejam até
dois anos em território americano. A esse enorme salto se acrescenta a
repatriação automática dos imigrantes mexicanos flagrados na fronteira e o
processo judicial dos pais que tiverem pago redes de traficantes para trazer seus
filhos.
Fora desses planos fica o
programa de Obama destinado a proteger os dreamers, os menores escolarizados
que chegaram sem documentação aos Estados Unidos. Um sistema que permitiu
outorgar permissão de trabalho a 750.000 imigrantes e que o próprio Trump
reconheceu que será complicado liquidar. ?A situação desses menores é muito
difícil para mim, muito? porque eu amo essas crianças; eu mesmo tenho filhos e
netos, e acho muito, muito difícil fazer o que as leis mandam. E todos sabem
que a lei é dura?, disse no sábado durante seu comício na Flórida.
Mas além dos dreamers, o
horizonte se escurece para o resto dos imigrantes. Trump sabe que sua base
eleitoral, de maioria branca e operária, os vê como competidores. Nas outrora
poderosas zonas industriais, agora flageladas pelo desemprego e pelos salários
baixos, o discurso do inimigo mexicano calou fundo. E o presidente, consciente
de seu mau momento nas pesquisas, busca um golpe de efeito contra os migrantes
para manter o apoio dos seus simpatizantes.
?Teremos fronteiras fortes outra
vez. Os criminosos, as pessoas más, vão para a prisão. Mas a maioria vai embora
daqui. Vamos mandá-los para o lugar de onde vieram!?, prometeu Trump a suas
bases. As regras para levar adiante esse plano estão muito perto de vir à luz.
Serão divulgada nesta semana. Por enquanto, já se escutam os sinos do ódio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário