Com Valtteri Bottas próximo da Mercedes em 2017, o caminho fica livre para Felipe Massa fazer mais um ano na Fórmula 1; Para Valentin Khorounzhiy, tal retorno destaca um problema muito maior para o esporte
No mês passado, Felipe Massa encerrou uma bela carreira na Fórmula 1 com
um momento emocionante no GP do Brasil e um adeus competitivo em Abu Dhabi.
Ainda que colocássemos de lado a excelente temporada de 2008, Massa foi bem o
suficiente na categoria para que a F1 se sentisse diferente quando ele saísse.

Massa por si só é popular, mas o retorno dele pode não ser. Não junto a
pilotos que não possuem contratos para 2017 mas estão longe da aposentadoria.
Não junto a pilotos que tiveram anos sólidos no fundo ou na parte intermediária
do pelotão, mas que não brilharam o suficiente para avançar no sonho de correr
na F1.
E, certamente, não faria sucesso com os pilotos de ponta da GP2, que
batalham pela supremacia na categoria de base da F1 apenas para ver que as
portas na categoria principal estão fechadas - e as que se abrem não se abrem
para eles.
A decisão correta
Os times de ponta da F1 tem sido conservadores quando o assunto é a
dupla de pilotos e a negociação de contratos - a Red Bull foi uma exceção
notável neste ano. Na situação atual, com a saída repentina de Nico Rosberg, a
solução que parece próxima faz muito sentido.
Toto Wolff, chefe da Mercedes, disse desde o início que o time não
queria criar problemas e novelas contratuais. Com Bottas sob contrato, há um
caminho claro para contratar o finlandês.
Bottas fez a parte dele para se colocar como um candidato a uma vaga em
uma equipe grande - superando Massa nos três anos de Williams, terminando 2016
com 17 a 4 em posições de largada - a maior vitória do grid.
A Williams não quer abrir mão de Bottas - o diretor técnico do time de
Grove, Pat Symonds, deixou bem claro que o finlandês é peça fundamental para os
planos da equipe em 2017. Mas a Williams pode jogar duro com a fornecedora de
motores do time e se arriscar a deixar Bottas frustrado ao impedir que ele
abrace uma oportunidade de ouro? Provavelmente não.
Com a provável saída do finlandês, surge a necessidade de um piloto
experiente para figurar ao lado de Lance Stroll, de 18 anos, que estreia em
2017. Se Symonds destacou algumas razões para manter Bottas - a importância da
continuidade e a necessidade de se preparar da melhor maneira para as mudanças
nas regras que serão vistas em 2017 - e tais razões também se aplicariam no
retorno de Massa.
Pelos lados de Massa, ele ainda pode decidir contra o retorno - mas
certamente ele não precisa tomar tal decisão.
Massa sabe que, lá em 2006, a carreira na Ferrari poderia ter acabado se
Michael Schumacher não tivesse decidido se aposentar pela primeira vez, embora
isso não signifique que ele deveria enxergar a situação atual da mesma forma,
especialmente se ele acredita que ainda pode acrescentar algo ao legado dele na
F1.
O paradoxo
Tudo o que foi abordado virá como uma pequena consolação para os jovens
pilotos, que agora veem as oportunidades menores do que nunca. Dos 18 pilotos
já confirmados no grid de 2017, somente um é novato - Stroll.
Apesar da participação no Bahrein, Stoffel Vandoorne deveria ser
considerado novato. Entretanto, o piloto que despachou a concorrência na GP2 em
2015 teve um ano de espaço antes de chegar à F1 - o que é um bom exemplo do
problema.
Em 2016, nenhum piloto fez na GP2 o que Vandoorne fizera no ano
anterior, mas tratava-se de um grid sólido. Entretanto, nenhum deles subiu para
a F1 e é pouco provável que haja alguma mudança para nomes como Antonio
Giovinazzi ou Jordan King.
Ainda assim, a experiência segue sendo uma moeda valiosa. A Mercedes
está de olho em Bottas mesmo tendo dois pilotos contratados, que poderiam se
juntar a Lewis Hamilton com muito menos trabalho.
A Williams, por sua vez, pode acabar tirando um piloto da aposentadoria
para se certificar de que não perderá em termos de experiência, ainda que
existam alternativas mais baratas e com mais potencial.
O barulho e a especulação em torno do substituto de Rosberg sugere que
os fãs da categoria querem variedade na parte da frente do pelotão. Se Massa
voltar à Williams em 2017, isso representaria uma extensão da passagem de uma
das personalidades mais populares do esporte, mas a variedade - o que
'apimenta' a vida - não teria representatividade.
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