segunda-feira, 24 de junho de 2024

DIRETO DE MOSSORÓ (RN): HOMEM AUXILIA MULHER A ESTACIONAR SEU CARRO E RECEBE CESTA BÁSICA COMO AGRADECIMENTO

O RELATO A SEGUIR NAO É MEU MAS ACHEI INTERESSANTE COMPARTILHAR PARA REFLETIR. EU QUERIA POSTAR ESSE RELATO NO INSTAGRAM MAS O LIMITE DE CARACTERES NAO PERMITE. 

Meus parabéns Katharina pela Boa Ação que fizeste, esperamos que mais pessoas se solidarizem e contribuíam assim como vocês fez!  

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Eu estava estacionando o meu carro de ré, quando vi a bicicleta afastando um pouco para a calçada. A vaga era muito estreita para eu estacionar, e ele resolveu me ajudar na manobra.

- Gire tudo... Vá girando, gire o volante todinho... - ele ia regendo como um maestro a minha baliza. O mais engraçado é que eu estava tranquila para entrar na vaga, sabendo o que estava fazendo, mas estava adorando aquela ajuda de um desconhecido gentil. 

Ele usava um boné verde musgo, uma camiseta de propaganda de tinta e uma calça jeans bem velha. 
Estacionei e desci do carro. Ele ainda estava parado, ajeitando alguma coisa na sua bicicleta. 

- Muito obrigada pela ajuda. Se não fosse o senhor, teria ficado difícil entrar nessa vaga pequena! 

- Que nada, dona, não tem o que agradecer. 

Ele era tímido. Mesmo com os óculos, sem conseguir olhar para os seus olhos, dava para perceber no seu tom de voz a timidez.

Fiz que ia ajeitar alguma coisa no banco de trás do carro do lado do passageiro, que ficava mais próximo da calçada onde o senhor gentil estava, e aproveitei para puxar assunto.

- E o senhor, trabalha por aqui? 

- Eu trabalho em todo canto. - Ela falava pouco, mas não tinha pressa. Vi que num cesto azul de plástico improvisado na bicicleta na parte da frente tinha também uma tesoura grande, dessas de podar árvores, além de umas cordas e sacos.  

- O senhor trabalha com o quê? 

- Eu ajeito as folhagens das plantas. Desenho as árvores nas casas das pessoas. 

- Acho um trabalho lindo demais o que o senhor faz. Uma arte, na verdade. Aí vive disso, mas tem também benefício?

- Não, senhora, não tenho idade para benefício. -

 Nesse momento, fiquei confusa, porque o senhor que eu estava conversando naquele momento aparentava uns 65, 70 anos. Como não tinha idade? - O senhor não tem idade? 

- Tenho 58 anos. Completo 59, em setembro. 

Eu fiquei por um bom tempo tentando pensar no que eu iria falar, porque eu estava diante de um homem que aparentava ser um idoso, castigado pela vida. 

- E a família, tem algum benefício?

- Não tenho família, sou sozinho, dona. Sou do Ceará, de Jaguaruna, mas moro aqui em Mossoró há 42 anos. Vim para Mossoró de carona, e aqui fiquei. Sou só eu mesmo. Já tive até uma mulher, mas ela foi embora um dia e sumiu. Nunca mais eu arranjei ninguém. - Eu tentei mudar de assunto. Vi que aquilo não trazia boas lembranças para ele. 

- Aí vive do que pega de serviço? 

- É. Tem um rapaz que tem uma loja de tinta que me dá uma cesta básica a cada quinze dias, aí já alivia um pouco. 

- Entendi. Qual é mesmo o nome do senhor? Meu nome é Katharina.

- Meu nome é Valdomiro. 

- Seu Valdomiro, eu estou com uma cesta básica bem boa aqui na mala do meu carro (graças a Deus, tinha recebido umas doações nesta semana. Coisas de Deus mesmo!), o senhor aceitaria em troca da sua ajuda no estacionamento? - Criei esse hábito de perguntar se aceita, antes de entregar. Existem algumas pessoas que se sentem ofendidas ou algo parecido, e eu só tenho que respeitar e nada mais. 

- Aceito sim. O que eu juntar agora vai ser para pagar o papel da água e da luz, já que comida já vou ter com o que me virar. 

Entreguei a cesta, que era das grandes. Ele agradeceu. Definitivamente, ele não era de muita conversa. Colocou o saco pesado no cesto azul de plástico. 

- Quando a senhora quiser me encontrar, sempre estou passando por aqui nesse horário, quando não estou em alguma casa ajeitando as árvores. 

- Combinado, nos encontraremos outras vezes, o senhor vai ver. Obrigada pela ajuda no estacionamento, seu Valdomiro. 

- Eu que agradeço à senhora pela cesta e pela conversa. Fazia era tempo que não conversava com ninguém. 

Pois é, as pessoas têm fome de muito mais coisa que comida.

(Ele não quis ser fotografado).

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