DESEJO E REPARAÇÃO: Como a sede
por justiça no caso de roubo de Rolex de R$ 50 mil em Natal quase destruiu a
vida deste homem inocente
Por Dinarte Assunção
João Maria Alves Bernardes,
conhecido como “Dão”, 38 anos, tocava a vida como a maioria das pessoas.
Cuidava de sua pequena empresa de decoração, através da qual conseguiu manter a
família. Tinha o que precisava e um punhado de amigos. Nada do que reclamar.
Levava uma vida tranquila Até a manhã de 30 de agosto.
Naquele dia, agentes da 15ª
Delegacia de Polícia Civil cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa
em busca de um relógio de R$ 50 mil que havia sumido do braço de um formando em
festa de formatura de medicina dias antes.
Os policiais acharam na casa de
Dão armas das quais não tinha posse. Divulgaram o fato, reforçando a áurea
criminosa, mas não encontraram o que foram procurar. A vida de Dão sofreu um
solavanco.
– O peso de uma acusação injusta
é muito difícil de carregar. Eu tenho mais de 25 anos no mercado e trabalhei
para muita gente influente aqui em Natal e no Estado. Aí a sua imagem ser
publicada por uma coisa que você não fez é muito difícil. É preciso ter muita coragem
para não fazer uma loucura contra você mesmo – ele Relatou ao Blog do BG.
– Essa loucura de que o senhor
fala seria suicídio? – Indagou o repórter.
– Com certeza. Você olha para os
quatro cantos do mundo, se você não tem amigos nessa hora para dar conforto,
você é capaz de fazer uma loucura. Imagine, você ralou a vida toda de maneira
honesta… Pensar na polícia chegar na sua casa de novo para lhe levar…
A polícia não deverá bater à
porta de Dão outra vez. Depois que a história foi divulgada pelo Blog do BG,
uma testemunha da festa viu o post e se sensibilizou, contando aos policiais, o
que sabia. Nesta terça, Francisco de Assis Oliveira foi preso como verdadeiro
autor do furto. Não houve reparações ao nome de Dão.
A história do empresário em quase
tudo guarda semelhança com o enredo de ‘Desejo e Reparação’, drama de Ian
McEwan que narra como uma acusação baseada em uma mentira destrói a vida de um
casal. No livro, as vítimas lutaram, sem conseguir, para pela reparação. Na
vida real, Dão conseguiu repor a verdade.
– Nesse período, eu chegava a
alguns lugares e via gente fazendo troça colocando a mão no pulso para proteger
o relógio. E ter que ouvir que gente que queria cancelar contratos para eventos
porque diziam que não queriam fazer a festa com um ladrão é algo muito ruim de
se viver – revelou Dão.
Falsa acusação
A acusação contra o empresário
começou por causa de uma conversa entre ele e seu filho durante a festa de
formatura em que os eventos se desenrolaram.
– Meu filho me procurou antes de
eu ir embora e me disse: ‘Pai, já que vou fazer trabalho braçal, pega meu
relógio e leva para casa’. Ele tirou o relógio dele e me deu na frente das
pessoas. Foi isso que me incriminou.
A partir desse evento, o pai do
aluno que teve o relógio roubado ligou para Dão quando o furto se consumou o
acusando ter ligação com o caso.
– Ele não me perguntou nada, ele
ligou acusando. Foi assim que tudo começou.
Apesar de tudo, ele diz que
entende o trabalho dos policiais. Afirma que foi tratado bem e que em momento
algum foi induzido a se apresentar como culpado. Mas registra:
– Só não compreendo porque
divulgaram a minha imagem se não tinham certeza da acusação que estavam
fazendo.
Só tem certeza do peso da
acusação àquele que a carrega.
Fonte: Blog do BG
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