Setores do PT
articulam o lançamento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva à Presidência da República na próxima sexta-feira, 20, durante a reunião
do Diretório Nacional do partido, em São Paulo. Pela proposta, Lula seria
lançado candidato ao terceiro mandato com a plataforma de revogar
imediatamente, caso eleito, todos os feitos do governo Michel Temer - em
especial a PEC do Teto e a reforma da Previdência - com amparo de uma frente
composta por movimentos sociais e partidos de esquerda.
"O
Diretório Nacional, reunido em 20 de janeiro de 2017, deve apresentar a
candidatura de Lula à Presidência da República, conclamar a mobilização por
diretas já e a construção da unidade popular de esquerda. Deve dirigir-se
especialmente às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, ao PCdoB, ao PDT, ao
PSOL, para construirmos juntos uma frente única com o objetivo de eleger um
governo democrático-popular que revogará de imediato todos os decretos e leis
golpistas e convocará uma assembleia nacional constituinte com participação
popular e liberdade irrestrita de comunicação", diz trecho do esboço de
resolução, sujeito a alterações, elaborado pelo secretário nacional de
Formação, Carlos Árabe, representante da Mensagem.
A
ideia, segundo Árabe, é usar a força de Lula junto ao eleitorado, mensurada nas
últimas pesquisas de opinião, como catalisador para uma "revolução"
democrática com o objetivo de derrubar o governo Temer, convocar novas eleições
e uma constituinte.
"Não
exigimos que seja uma frente de todos com Lula. É uma frente progressista pelas
diretas na qual o PT apresentaria o nome de Lula", disse o dirigente
petista.
O
objetivo, de acordo com ele, é não afastar partidos como o PDT e o PSOL que
devem lançar candidaturas próprias ao Planalto em 2018.
A
proposta, por enquanto, ainda está em construção dentro do Muda PT. Até a
semana que vem os autores devem procurar as demais forças do partido para
conseguir maioria no Diretório Nacional.
Integrantes
da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) concordam que Lula é o
candidato e que seu nome deve ser lançado com urgência, mas avaliam com cautela
a proposta.
"Lula
é o nosso candidato, quanto antes colocarmos a candidatura dele na rua, melhor,
mas não pode ser de forma açodada", disse o secretário nacional de
Organização, Florisvaldo Souzam da CNB.
As
frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo ainda não discutiram a proposta.
Integrantes das organizações lembram que as frentes são compostas por entidades
ligadas a outros partidos como PSOL e PCdoB. Por enquanto as prioridades destas
organizações são uma campanha pelas "Diretas Já" e pela constituinte
exclusiva para a reforma política.
Sinais
Na
quinta-feira, 12, em evento com profissionais da educação, em Brasília, Lula
voltou a dar sinais de que quer ser candidato. Na saída do evento, disse que é
o PT quem deve lançar seu nome. Segundo fontes do PT, ele reclamou da falta de
partidos de centro em sua base de apoio.
Na
falta de uma ampla aliança partidária, os defensores do lançamento antecipado
da candidatura de Lula defendem a centralidade dos movimentos sociais na
campanha.
"Tão
fundamental quanto lançar já a candidatura de Lula são a sua plataforma e as
forças que devem dirigir a campanha, a construção da mobilização popular para
derrubar o governo golpista e, fundamentalmente, dirigir e compor o novo
governo. As forças partidárias e sociais que compõem as Frentes Brasil Popular
e Povo Sem Medo, devem em frente única dirigir todo o processo e construir
comitês populares para participar da mobilização e das decisões.
Esse
processo deve confluir para assembleias populares regionais e uma grande
assembleia nacional popular pelas diretas já, retomada do desenvolvimento com
distribuição de renda e defesa dos direitos do povo e da nação. As decisões de
programa, alianças e composição da chapa presidencial serão tomadas
democraticamente pela frente única", diz o texto de Árabe.
Em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do PT, Rui Falcão,
disse no final do ano passado que o lançamento da candidatura de Lula deve ser
antecipado, mas não definiu prazo.
Segundo
fontes do partido, a antecipação atende a dois objetivos, explorar
politicamente a fragilidade do governo Temer e reforçar a defesa jurídica de
Lula, réu em cinco processos, quatro deles referentes à Lava Jato e suas
ramificações. Se condenado em segunda instância Lula ficaria inelegível com
base na Lei Ficha Limpa.
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